O poeta costumava passear — acompanhado de uma garota — em uma praça onde havia uma mendiga com a mão estendida. A mulher estava sempre sentada no mesmo lugar, sem olhar os transeuntes nem implorar-lhes esmolas, e tampouco demonstrava ficar agradecida quando recebia algum donativo. Embora sua amiga amiúde lhe desse uma moeda, Rilke nunca dava esmola à mulher. Certa vez, a jovem perguntou ao poeta o motivo pelo qual não lhe dava nada, ao que este respondeu:
— É o coração dela que precisa de um presente, não sua mão.
Alguns dias depois, Rilke depositou uma rosa na mão rachada da mendiga. Então aconteceu uma coisa inesperada: a mulher levantou o olhar e, depois de beijar efusivamente a mão do poeta, saiu do lugar brandindo a rosa. O lugar da mendiga permaneceu vazio durante toda uma semana e uma vez transcorrida voltou a ocupar seu espaço.
— Mas de que ela viveu todos estes dias, se não esteve pedindo na praça? — perguntou a garota.
E Rilke respondeu:
— Da rosa.
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