quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Pense


"A poesia deixa algo em cada leitor: uma sílaba, uma metáfora, um conceito, uma visão do universo. Cada verso é de natural ambíguo, tem duas caras, como certas pessoas que eu conheço, ou cem, ou mil. As palavras não dispõem de apenas uma carteira de identidade; usam várias, como os ladrões ou os contrabandistas. Costumam sair disfarçadas, ou incógnitas, ou fantasiadas como no Carnaval. O demónio da polissemia que habita nelas como uma segunda natureza, torna-as verdadeiros camaleões, que tomam a cor da paisagem ou do instante. São volúveis. Assim, é claro que, antes de variar de leitor para leitor, a Poesia, que se nutre da ineficácia ou da imprecisão das definições que a circundam, varia de poeta para poeta. A cada um exibe uma face particular."

(Ledo Ivo in: A Fábula do Vento)

Um comentário:

  1. POEMA DE VENTO E LUA

    "O vento carrega invisíveis poesias
    Escritas em sonos e fantasias.
    Beija as flores com charme e
    Vai atrevido abraçar a lua.

    E ela, toda branca e nua,
    Deixa-se levar pelos ares,
    Em tardes de sentimento
    Bordado em rios e mares.

    Oceanos deitados no horizonte
    Refletem em todas as esquinas
    As travessuras da lua menina
    E ela tecendo sonhos, suspira

    Segredos e romances em cardumes.
    Lumes de estrelas enfeitam o céu
    Com fitas, gaivotas e pipas
    Enquanto a palavra é escrita.

    E no fim de tudo, um poema
    Falando, inundando o verbo
    De adjetivos e paz para que
    A vida possa sempre ser mais."

    Karla Bardanza

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