domingo, 29 de janeiro de 2012
Por ai...
"Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, e principalmente, sofrer menos ainda."
sábado, 28 de janeiro de 2012
Por ai...
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Por ai
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Marca registrada
Vinte para a meia-noite e estou sozinho. Minha coca-cola está sem gás e minha bola caiu no pátio do vizinho. Fiz alguns telefonemas que só fizeram me lembrar por que decidi não mais conversar com as pessoas. Como parei de fumar e não posso comer porque voltei aos meus exercícios regulares, o prato do dia será mesmo falar com alguém. Não preciso saber o sobrenome, serve qualquer um. A rotina tem me atacado a todo minuto e já está no corredor. Estou sentindo minha vida pequena como fosse um filme independente, dirigido pelo pavor de fracassar. Aí pego um casaco limpo e o primeiro tênis, desço lá embaixo.
Já são dois quarteirões, cruzei com trezentos seres aparentemente humanos, mas só consigo ver marcas. Marcas, marcas, marcas. Marcas não-registradas. Esse seu novo corte de cabelo, essa sua roupa nova, esse carro novo, essa bebida na sua mão, essas suas festas, esses seus cantores favoritos, essas suas fotografias, essa sua forma de caminhar, essa sua gíria repetida, esse seu jeito de assinar o nome, essas suas viagens, essas suas fugas.
Qual a marca do seu perfume? Porque você não faz as pazes com sua irmã? Qual a marca da sua cueca? Quanto tempo você não sai pra caminhar com seu pai? Qual a marca do seu telefone? Você já abraçou sua mãe hoje? Para qual marca você trabalha? Quando você vai parar de tratar os outros feito lixo? Qual a marca do seu esmalte no seu dedo? E quando você vai estender essa mão a alguém? Que droga você usa? Quantas cartas você deixa de mandar? Uma nova tatuagem? Um novo amor, por que não?
Você aí. Sim, você mesmo. Enxerguei você de primeira enquanto lutava por atenção. Pra quê dizer tanta bobagem, simplifica: me olha. Pronto, olhei. Onde você vai passar seu réveillon? Com quem? Comigo. Vem, vamos dar uma volta. Não importa aonde, você vai ver. Me dá sua mão. Quanto de dinheiro você tem no seu banco predileto? Jogue tudo fora, você não vai precisar de nada. Juntos estamos nós, você e eu. Agora. Não se preocupe, está aberto para todos. A gente pode entrar. É o único lugar do planeta onde realmente somos bem-vindos.
Você está vendo? Não, não é um cemitério cheio de gente morta. Olhe de novo, só que direito dessa vez. É a casa que você está construindo com seus dinheiros guardados. Nas lápides não há marcas, além do seu nome e tudo que você fez quando achava que tinha todo o tempo do mundo. Quem é o babaca agora? Feliz 2012.
É o ano perfeito pra suportar as consequências das besteiras que fizemos ano passado. Tudo está conectado, nada é novo em folha. Não, essas pessoas todas não estão mortas. Não estamos morrendo, estamos num longo caminho de volta pra casa. Me faz companhia? Achar você pra começar o ano comigo foi fácil. Só quero saber se você vai me ajudar a suportá-lo até o fim.
Já são dois quarteirões, cruzei com trezentos seres aparentemente humanos, mas só consigo ver marcas. Marcas, marcas, marcas. Marcas não-registradas. Esse seu novo corte de cabelo, essa sua roupa nova, esse carro novo, essa bebida na sua mão, essas suas festas, esses seus cantores favoritos, essas suas fotografias, essa sua forma de caminhar, essa sua gíria repetida, esse seu jeito de assinar o nome, essas suas viagens, essas suas fugas.
Qual a marca do seu perfume? Porque você não faz as pazes com sua irmã? Qual a marca da sua cueca? Quanto tempo você não sai pra caminhar com seu pai? Qual a marca do seu telefone? Você já abraçou sua mãe hoje? Para qual marca você trabalha? Quando você vai parar de tratar os outros feito lixo? Qual a marca do seu esmalte no seu dedo? E quando você vai estender essa mão a alguém? Que droga você usa? Quantas cartas você deixa de mandar? Uma nova tatuagem? Um novo amor, por que não?
Você aí. Sim, você mesmo. Enxerguei você de primeira enquanto lutava por atenção. Pra quê dizer tanta bobagem, simplifica: me olha. Pronto, olhei. Onde você vai passar seu réveillon? Com quem? Comigo. Vem, vamos dar uma volta. Não importa aonde, você vai ver. Me dá sua mão. Quanto de dinheiro você tem no seu banco predileto? Jogue tudo fora, você não vai precisar de nada. Juntos estamos nós, você e eu. Agora. Não se preocupe, está aberto para todos. A gente pode entrar. É o único lugar do planeta onde realmente somos bem-vindos.
Você está vendo? Não, não é um cemitério cheio de gente morta. Olhe de novo, só que direito dessa vez. É a casa que você está construindo com seus dinheiros guardados. Nas lápides não há marcas, além do seu nome e tudo que você fez quando achava que tinha todo o tempo do mundo. Quem é o babaca agora? Feliz 2012.
É o ano perfeito pra suportar as consequências das besteiras que fizemos ano passado. Tudo está conectado, nada é novo em folha. Não, essas pessoas todas não estão mortas. Não estamos morrendo, estamos num longo caminho de volta pra casa. Me faz companhia? Achar você pra começar o ano comigo foi fácil. Só quero saber se você vai me ajudar a suportá-lo até o fim.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Por ai...
domingo, 15 de janeiro de 2012
Por ai...
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Por ai
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Por ai
"Quando você deixou de me amar, segui o conselho dos meus amigos e comprei um iPhone. Entre canções do Beck, Jeff Buckley e trilhas sonoras dos filmes que esqueci de ver contigo, procuro incessantemente por um aplicativo que faça o tempo voltar. Eu não preciso de uma porcaria dessas, tudo que preciso é do seu abraço e do seu cheiro de banho tomado(...). Merda, te amo ainda.
Garoto, sabe, tenho uma saudade do cheiro da sua pele, tanta, que às vezes me dá uma vontade ridícula de chorar. Não só pelas vezes que minha memória olfática retroativa seu perfume (...). Mas porque me vem uma certeza que eu ainda tinha mais pra amar, muita coisa pra admirar, outros pontos epidérmicos pra jamais esquecer. Você tinha alguma coisa, um segredo, uma receita que os outros não têm, não sei."
sábado, 7 de janeiro de 2012
Homem rosa, mulher azul
O homem é ensinado a ser homem se opondo à mulher.
Tudo o que é de mulher não é do homem. Tudo o que é do homem não é da mulher.
Joga-se o menino contra as meninas, não são eles que não se dão bem,
são os pais e próximos que os diferenciam de modo ostensivo.
Os preconceitos são invisíveis e não menos duros.
Há brincadeiras para cada um dos sexos na escola.
Futebol é para meninos, bonecas para meninas.
Não poderia brincar de casinha,
que alguma professora já me dizia que meu lugar era no campinho.
Levar carrinho de bebê, então, nem se fala (como se o homem não pudesse exercitar a paternidade logo cedo e fosse exclusividade da garota).
Formam-se rodas, panelinhas e grupos por gênero, em que é aconselhável não se misturar.
Com o pretexto de evitar a malícia e fortalecer identidades, corta-se os cabelos da boca.
Segredo de homem, segredo de mulher. Menino mija de pé, menina mija sentada.
Desde o começo, o homem entende que para ser homem não pode ser mulher. Só isso.
Não ensinam o que é ser homem, ensinam o que não é ser homem.
Ele entende errado, entende a aparência de ser homem,
ao invés de entender que para ser homem deve ser com a mulher.
É incitado a se separar, a brigar, a teimar, a não pintar as unhas, a fazer programas diferentes,
a não gostar de lojas, a não chorar em público, a não conversar demais,
a não expor seus sentimentos, a ser forte e frio, a carregar peso, a brigar com os punhos.
Ser homem condicionou-se a uma oposição à mulher,
cristalizado na figura de adversário feminino.Eu não podia jogar amarelinha porque não era coisa de homem.
Eu não podia jogar cinco marias porque não era coisa de homem.
Até dançar, não me caía bem. Não notamos, mas criamos homens destinados a odiar a mulher. Não para amar naturalmente a mulher.
Destinados a trapacear, a fingir, a mentir, a trair,
a fugir das verdades quando elas pedem uma mudança. O depois é o antes.
Foram criados para se esconder, para se separar,
para evitar os laços mais estreitos e a familiaridade dos costumes.
Formados para não se envolver.
Recebem advertência vitalícia e implícita de que não é possível se aproximar muito dos gostos e predileções femininas,
de que é preciso manter distância, sob a pena de colocar em risco sua masculinidade.
O homem tem dificuldades de se relacionar mais do que dificuldades de relacionamento.
Está sempre sendo julgado pela sua conduta.
Se altera seu figurino e anda mais à vontade, já começa o zunido de que trocou de sexo.
Aceita-se papéis misóginos sem perceber,
aceita-se que há apenas dois banheiros e duas vidas diferentes para entrar e seguir.
As fronteiras começam antes do nascimento, na separação do enxoval azul do rosa.
Desde quando o homem não é rosa e a mulher não é azul?
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Coleção
Sou essa mistura bioquímica de menina, garota e mulher, e talvez me apaixonar seja minha principal atribuição. Sei lá. Sei que se eu fizesse algum dinheiro com isso, quem sabe os caras da revista Time tocassem minha campainha pra fazer algumas fotos, ou eu estaria agora mesmo respondendo o convite de algum talk-show pra falar sobre amores ardentes, martírio e desilusão. Enfim, eu me apaixono toda semana, das formas mais inéditas. Essa última só fez me flagrar o quanto sou imatura, nada que eu já não desconfiasse.
Acontece com os rapazes mais intoleráveis, entre os tipos, viciados em cheirar ex-namoradas, ostentadores de cavanhaque, adoradores de mãe e líderes de bandas de garagem fracassadas com nomes levianos, tais como "Codornas Asmáticas". Mas nunca um ausente. Uma amiga retornou da Europa cheia de mimos e me chamou lá onde estava hospedada, no apartamento do irmão dela. Após umas risadas, ela teve de ir ao banheiro, e eu pus em prática meu plano subliminar e insensato predileto: fuçar a coleção de discos alheia. Na primeira coluna, abaixo da televisão, meu coração afunda.
Você já deve ter ouvido falar, possivelmente de algum vegetariano combatente, que somos aquilo que comemos. Eu acho que somos o que escutamos. Diga-me os discos que compras, e eu te direi quem és. No caso, o moço do apartamento é decididamente o homem da minha vida. Soube disso já no "Blonde On Blonde", de Bob Dylan. Passar a ponta dos dedos no "London Calling", do Clash foi como um fatal primeiro olhar. O "Ok Computer" do Radiohead foi como o beijo inaugural, ou seja, me fez saber tudo que eu precisava sobre ele. "What's Going On", do Marvin Gaye, me provocou um orgasmo quase seguido de desmaio. Aí "The Dark Side Of The Moon" me pediu em casamento, e a edição rara de Bruce Springsteen com o bônus-track ao vivo de "Thunder Road" fisicamente me palpitou o útero, sugerindo correr até a farmácia passar no débito um teste de gravidez.
A discografia completa dos Beatles. Todos da Legião Urbana. Quase todos da fase antiga do U2. Coisas incríveis como Moby, Carole King, Ramones, Love, Beach Boys, David Bowie, Led Zeppelin, Nirvana, Grateful Dead, New Order, Patti Smith, Eagles, Queen, Guns N' Roses, The Verve, Pearl Jam. Os nacionais Mutantes, Marisa Monte, Clube da Esquina, Titãs, Barão Vermelho com e sem Cazuza, Roberto Carlos 60' e 70'. Como ninguém é perfeito, entre todos há uma antologia do Duran Duran. Mas não há de ser nada, deve ser presente de alguma ex burra e desinformada e morta. No mais, uau. Eu te amo, cara. Como não ficar louca de cara por um sujeito desses?
Pode me chamar de desmiolada, mas talvez você não entenda. Parecem apenas caixinhas acrílicas empilhadas, mas há todo um éden sonoro aqui. Tantos álbuns que eu sabia da existência, mas nunca tive peito de comprar agora com esse lance da era digital. Eis finalmente um alguém que realmente sabe cultivar uma paixão, que conhece o prazer que a ponta dos dedos pode proporcionar - o MP3 matou o romance, não há mais fases de conquista e os longos olhares, o beijo iminente na porta do prédio, os pés se provocando embaixo da mesa do restaurante, os amassos no sofá com todas as luzes apagadas. Agora as pessoas só pensam em baixar, baixar, baixar. As canções e as calcinhas. Sério, quem convidou 2012?
Não sei quanto a você, mas eu sempre achei um saco quando a gente conhece alguém memorável, e essa pessoa memorável não está lá pra nos conhecer. Sim, eu poderia dar um jeito da sua irmã nos aproximar. Sim, eu poderia fazer plantão acocada do outro da rua lendo "O Apanhador no Campo de Centeio" enquanto você não chega. Ou então começar com alguns toques anônimos no seu interfone seguidos de corrida intensa até dobrar a esquina. Quem sabe eu crio coragem e subo até seu apartamento. Pelada. Ou coberta apenas com o "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band". Só pra ver se você me nota e vê em mim o que ninguém até hoje enxergou.
Mas eu tenho medo. Medo de saber o que você acha de Carly Simon e Green Day e da compatibilidade das demais seções da minha coleção. Ou que, vai ver, você pense que eu tenho discos de menos pra merecer você. De qualquer maneira, não sei se estou pronta pra esse tipo de rejeição no momento. Talvez seja melhor e prudente ampliar minha outra coletânea, a de "Paixões-Arquivadas-por-Falta-de-Beijo". Essa ninguém me bate. Estou no topo das paradas, semana após semana.
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